terça-feira, 28 de setembro de 2010

Carlos Ferrari, protagonista da própria história

Olá, pessoal, como estão? Esse pequeno perfil foi publicado na coluna Eu ABCD desta terça-feira. O texto poderia ter sido melhor trabalhado se eu tivesse mais espaço e mais tempo com o Carlos, que é uma pessoa fantástica e, embora diga que não quer ser visto como exemplo, é sim um exemplo pra muita gente que reclama da vida. E até mesmo para mim...

Fiquem com um pedacinho da história desse homem que chegou lá. Aproveito para deixar o link do blog do Carlos, vale a pena ler, tem textos muito interessantes. Para ler, clique aqui.

Carlos Ferrari, protagonista da própria história

Morador da Região vai à luta para ocupar seu lugar no mercado de trabalho e na vida


Por Camila Galvez


Foto: Antonio Ledes

Quando Carlos Ferrari estudava Administração no antigo IMES, hoje USCS (Universidade Municipal de São Caetano), enviou seu currículo para uma vaga de estágio. No documento, descreveu suas qualificações, desde o curso técnico em publicidade até a graduação que ainda não havia concluído. Considerava-se de acordo com o perfil da vaga.

Ao chegar à empresa, porém, deixou muda a funcionária que deveria entrevistá-lo. Diante de tal comportamento, resolveu tomar a dianteira:

- Percebi que você está um pouco desconfortável. Enviei meu currículo porque acredito ser qualificado para o cargo, só precisaria de algumas pequenas adaptações para realizar o meu trabalho.

A iniciativa do candidato quebrou o gelo, mas mesmo assim Carlos não foi chamado para o estágio.

- A empresa não estava preparada para aceitar uma pessoa cega.

Hoje com 34 anos, casado e pai da pequena Catarina (com uma semana de vida), Ferrari tem um currículo extenso: formou-se em Administração, fez pós-graduação em Marketing e mestrado também em Administração. É vice-presidente da Avape (Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência), professor de Administração do Centro Universitário Ítalo-Brasileiro, presidente do Conselho Nacional de Assistência Social e ainda encontra tempo para ter um restaurante em Santo André. O fato de ser completamente cego desde os sete anos nunca foi um empecilho para que “fizesse o que tinha de fazer”.

Ferrari reconhece que, sem o apoio da família, jamais teria chegado tão longe. Seu pai, Sebastião Ferrari, foi um dos metalúrgicos da Volkswagen que, no fim dos anos 1970, formou um grupo com o objetivo de lutar pelos direitos das pessoas com deficiência no ABCD. A união, nesse caso, fez a força.

- A Avape oferece atendimento para todos os tipos de deficiências. Minha luta não é só para garantir os direitos dos cegos, mas de todos que têm algum tipo de limitação.

Muitas vezes essa limitação mora apenas na cabeça da família e, consequentemente, na do próprio portador de deficiência. Para Carlos, é essencial que as pessoas percebam que o familiar não deve ser trancado em casa, mas sim ter a oportunidade de interagir com outras pessoas, casar-se, ter um emprego e viver a própria vida.

- Assim poderá ser protagonista da sua história, como eu fui.

Sem se apresentar com um exemplo a ser seguido, Ferrari afirma querer viver a sua vida com os mesmos direitos que as pessoas ditas “normais”. Seus olhos podem não ver como a maioria, mas sua alma, esta enxergou – e continua enxergando - bem longe.

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