terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Alojados

Feliz 2011, pessoal!

Agora que finalmente meu primeiro texto produzido para a pós-graduação foi publicado no Texto Vivo, posso disponibilizar aos leitores daqui. O professor provavelmente não gostou do meu título, mas preferi manter no original ao publicar aqui porque a ideia faz referência à música "Alagados", dos Paralamas do Sucesso, da qual gosto muito e que tem a ver com o tema.

A reportagem fala sobre a vida dos moradores dos alojamentos do Jardim Santo André, um bairro de Santo André que sofre muito com enchentes e deslizamentos nos períodos chuvosos. Espero que gostem de conhecer personagens como a Rosalina, mulher de palhaço, literalmente, a Claudinéa, muito bondosa e guerreira, e a Débora da Missionários, que adora passear nas Casas Bahia só para sonhar com móveis novos.

Bem vindo, ou bem vinda, ao Jardim Santo André.

Alojados

 A vida nos núcleos-pulmões construídos pela Prefeitura de Santo André para abrigar moradores que perderam tudo nas enchentes

Por: Camila Galvez

Claudinéa, Débora da Missonários e Maria Regina: mulheres de fibra
Foto: Camila Galvez

Favela.

 Fa-ve-la.

Aglomeração de casebres ou choupanas toscamente construídas e desprovidas de condições higiênicas.

- Ah, menino, vieram derrubar sua casa, é? Toma cuidado!

- E aí, sem-teto? Tudo bem, sem-teto? Como vai, sem-teto?

- Oh, sua casa caiu ali, viu?

No Jardim Santo André, as brincadeiras não têm só um fundo de verdade, mas são verdade por inteiro: 1.647 famílias vão ter de sair de lá porque seus imóveis estão localizados em áreas de risco de deslizamentos de terra. Qualquer chuva que tamborila sobre o telhado e faz chegar o sono de muita gente se torna nesse pedaço de chão da cidade de Santo André um pretexto para se começar a rezar.

O bairro possui sua própria divisão de classes: quem tem a plaquinha branca da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) na porta de casa sabe que pode continuar ali e vai fazer parte do plano de urbanização proposto pelo departamento estadual em parceria com a Prefeitura do município. Mas quem tem o “picho”, a marca feita com tinta spray, às vezes vermelha, às vezes azul, tem um triste destino pela frente: alojamento ou bolsa-aluguel de R$ 380 mensais até que haja uma unidade habitacional disponível.

Por enquanto, apenas um projeto de unidades habitacionais da CDHU começa a sair do papel no segundo semestre de 2010, em terreno localizado no próprio bairro e que não deve atender a todas as famílias. A previsão para conseguir uma casa de verdade no Jardim Santo André é de ao menos dois anos. A expectativa de alguns moradores, porém, passa longe disso.

Patrimônio vivo

Rosalina de Sordi, ou simplesmente Rosa, é patrimônio do Jardim Santo André, mas em nada lembra uma estátua ou qualquer outra coisa estática. Na manhã de uma terça-feira fria e chuvosa, acorda de bom humor quando bato em sua porta. Seu gato branco e felpudo é quem me recebe antes mesmo da dona, que veste rapidamente uma blusa de moletom rosa para espantar o frio que entra pela porta aberta. Ela usa calça preta e chinelos de dedo com meias. É com eles que caminha no chão lamacento da rua dos Missionários para me mostrar terrenos que já abrigaram famílias e explicar sobre a angústia dos que terão de deixar o lugar que aprenderam a duras penas a chamar de lar. Rosa é minha porta para o Jardim Santo André.

Ela e o marido chegaram ao bairro nos anos 1980, quando havia cerca de 80 barracos de madeira e uma única casa de tijolos: a deles. Com a casa erguida feito um palácio no meio da favela que começava a se formar, Rosa não agiu como princesa. Se agiu, estava mais para princesa Diana: se misturou com o povo e brigou por melhorias como luz, água encanada, asfalto nas ruas, escola e posto de saúde. Hoje briga para continuar vivendo ali.

Do alto de seus 55 anos, não quer alojamento nem bolsa-aluguel. Abre a janela e vê o vizinho do lado direito ostentar uma plaquinha branca da CDHU. A casa de Rosa, no entanto, tem um “picho” em tinta vermelha para combinar com o adesivo do Partido dos Trabalhadores na janela, ao lado de um vasinho de pimenta, também vermelha, que “espanta o mau olhado”.

- Eu não aguentaria viver em alojamento. Sou velha demais pra isso.

O que Rosa não quer é deixar para trás a história que construiu no Jardim Santo André. Como viúva de palhaço, leva a vida dando risada e rezando para não chorar.

- Ajudava meu marido quando ele se apresentava para a criançada do bairro. Hoje vejo as crianças entrarem cada vez mais cedo pro tráfico de drogas. Que opção elas têm? Sabe, no começo eu não gostava daqui. Mas fui me adaptando e agora não troco por nada.

Seus olhos azuis lacrimejam. Não sei se é por causa da luz do dia, para quem acabou de acordar, ou se é o prenúncio do choro mesmo.

O dia em que a terra caiu

Outros olhos, desta vez os de Maria Regina da Silva, estão perdidos no horizonte e parecem vislumbrar novamente a cena relatada por sua voz. No dia em que a terra desceu pela primeira vez em um dos morros do Jardim Santo André, Maria cozinhava e seu filho mais velho tomava banho. O jovem saiu de casa nu, e ela sangrando.

Tudo começou com um barulho pequeno de pedrinha rolando, que virou um estrondo de tempestade quando a terra finalmente cedeu com força de avalanche. Estalos, telhas quebrando, madeiras de barracos rachando ao meio e gritos de socorro compunham uma estranha trilha sonora de filme de terror.

- Sai daí, menino, que o morro está descendo!

Foi o que a mãe conseguiu gritar antes que o fogão viesse em sua direção, uma chuva de comida quente e vidro quebrado que perfurou sua pele e a fez sangrar. Pratos se estilhaçaram, colheres ficaram cobertas de barro, todas as lâmpadas do barraco estouraram ao mesmo tempo. Mas Maria continuou vivendo no que restou de seu lar por cerca de um mês. Até que a tragédia voltou ao lugar.

Em 21 de janeiro de 2010 o pedreiro Antônio Soares Ribeiro foi soterrado por terra, lixo e restos de barracos que caíram sobre muitos outros moradores. Vizinhos acreditam que ele, no entanto, dormia na hora do ocorrido e, por isso, não teve tempo para abandonar o barraco.

- Quando a Defesa Civil achou o corpo, ele estava coberto com um cobertor igual o meu. Os olhos, a boca, tudo estava cheio de lama.

Quem me aponta o cobertor de flores verde e bege secando no varal é outra Maria, de sobrenome Lenice Pereira, que viveu o mesmo inferno que tirou a vida de Antonio e fez com que muita gente dali perdesse a casa e tudo o que tinha. Ao menos quatro famílias que vivem hoje nos alojamentos vieram desse morro, que não era considerado área de risco iminente em estudo feito pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) no bairro.

- Não gosto nem de lembrar o que passamos. As crianças choravam de fome. A gente não tinha mais talheres pra comer, e nem comida, porque a maior parte estragou. Comemos o que dava pra comer com as mãos.

Se a situação está melhor agora, não é ainda o que as Marias do Jardim Santo André almejam. As Marias querem casa. Hoje, são alojadas.

Alojamento.

 A-lo-ja-men-to.

 Ação ou efeito de alojar. Abarracamento, acampamento, aquartelamento. Lugar onde alguém ou alguma coisa se aloja.

Os primeiros alojamentos chegaram no início deste ano ao bairro que retrata as mazelas habitacionais brasileiras reunidas no mesmo lugar. Ali se vê, quase parede com parede, casas de tijolos, barracos, prédios de apartamentos da CDHU e esses caixotes de madeira chamados pela Prefeitura de núcleos-pulmão. Na Rua dos Dominicanos, primeira a ganhar os alojamentos, há 20 unidades erguidas ao custo de R$ 8,5 mil cada uma. Em fase final de construção, há mais 78 espalhadas por outros locais do bairro.

Cada unidade é feita de quatro paredes de madeirite pintadas de preto. Como cobertura, telhas do tipo brasilit, que esquentam no verão e esfriam no inverno. São coladas parede com parede às vizinhas, formando um tipo de sistema circulatório composto de veias interligadas pelas mesmas dores e sons que se misturam em rádios e televisores de volume alto. A ideia inicial era abrigar famílias com até um filho no menor alojamento, um cômodo de 19 metros quadrados. Claudinéa Pereira da Silva vive num deles com três.

O berço

Dantiele, 11 anos, Marcos, 9 anos, e Ana Giulia, 1 ano e 7 meses, são filhos dessa morena de olhos escuros e alma clara que me faz perguntar como gente que perdeu tudo na vida consegue se levantar e receber quem chega com um sorriso no rosto. A força da fé parece mover o Jardim Santo André, principalmente na casa da irmã Claudinéa. O rádio ligado na música sertaneja de Chitãozinho e Xororó e o alojamento arrumado e limpo, apesar de apertado, são um convite para ficar um pouco mais. Mesmo que a pequena Ana Giulia esteja com bronquite, tossindo sem parar.

A vida de Claudinéa começou difícil. Ainda menina, veio de Atalaia, no interior de Alagoas, com pai, mãe e a irmã Adriana Pereira da Silva, um ano mais velha e que também vive com os três filhos no alojamento. O pai veio em busca de uma vida melhor, como milhares e milhares de retirantes expulsos do Nordeste do país pela pobreza extrema que ainda persiste por lá, tal e qual um mandacaru diante da seca mais assustadora.

A vida não foi tão difícil no Nordeste quanto se tornou na época em que Claudinéa e os filhos foram obrigados a viver num abrigo. Em 21 de dezembro de 2009 cerca de 30 famílias foram enviadas para o ginásio Pedro Dell’Antonia removidas de áreas de risco que ameaçavam ser engolidas pela avalanche de terra, plantas e lixo que deslizou dos morros do Jardim Santo André.

Nos tempos de abrigo no Dell’Antonia, Claudinéa foi o anjo da guarda de muita gente. Ajudava quem podia enquanto cuidava dos três filhos. Porém, uma de suas grandes preocupações, ela confessa, era com o berço da filhinha menor, branco e rosa como manda a tradição.

- Meus dois primeiros filhos não tiveram berço porque não pude comprar. Esse comprei e paguei em prestações. Quando fui parar no abrigo, sumiram com todas as minhas coisas. Achei que tinha perdido o meu berço. Um dia o caminhão chegou com ele. Não me aguentei de felicidade.

Voltaram também a televisão e uma cômoda com a madeira toda estragada, mas que ainda serve para guardar a pouca roupa que a família tem. O resto, cama para ela e para os pequenos, quem garantiu foi um carroceiro que ela alimentou enquanto esteve no abrigo.

O choro não é uma constante na vida da mulher que fuma um cigarro atrás do outro e toma copos de café para espantar a fome. No abrigo chorou sim, mas sem ninguém ver, com o rosto enfiado no travesseiro e na hora de conversar com Deus. Chorou pelos filhos, pelo desespero de não ter um teto para abrigá-los. A maior preocupação de Claudinéa são suas crianças. Dantiele, a filha mais velha, sabe disso.

- Minha mãe e eu dormimos debaixo de uma tenda antes de ir para o abrigo porque o nosso barraco caiu. Depois, dormimos no que sobrou do barraco da minha tia, e tinha um cômodo pra ser dividido entre dez pessoas. Ficamos assim mais de um mês até que não teve mais jeito: levaram a gente para o ginásio e deixaram lá.

A menina que deixa a mãe secar seus cabelos com um secador comprado a prestações relembra aos risos tudo o que passou, mas na hora de estimar quanto tempo a família vai permanecer alojada, Dantiele é pessimista.

- Acho que vamos ficar bem mais que os dois anos que eles disseram.

- Para com isso, menina. Deus há de nos dar uma casa. Ela e o Marcos, meu menino, falam que eu sou muito otimista, que queriam ter toda essa fé que eu tenho de que as coisas vão melhorar. Não sei por que, não sei como, mas sei que vão.

- E quando vocês tiverem a casa de vocês, Claudinéa, como vai ser?

- Eu vou tirar minhas coisas da caixa, minha colcha bonita que usei no Dia das Mães, minhas almofadas que achei no lixo, novinhas. A história dessas almofadas é engraçada. Namorei elas por muito tempo. Elas ficavam num salão de beleza perto do abrigo e, quando passou o Natal, vi que tinham trocado o modelo. Corri olhar no saco de lixo e estava lá. Nem acreditei, parece que eram para ser minhas.

As moças que trabalhavam no salão de beleza deram risada de Claudinéa. Ela não se importou. As almofadas fazem parte do seu sonho por um teto.

Minha casa, minha vida

Sonho esse que Claudinéa compartilha com a irmã, Adriana Pereira da Silva. Converso com Adriana no escuro porque, pela terceira vez naquela quinta-feira, faltava luz no Jardim Santo André. A Prefeitura entregou os alojamentos sem voltagem de 110, necessária para o funcionamento da maioria dos eletrodomésticos vendidos na Região Metropolitana de São Paulo. Para resolver o problema, os moradores fizeram ligações irregulares, popularmente conhecidas como “gatos”, que não dão conta de abastecer todas as unidades e os deixam às escuras algumas vezes por dia, além de preocupados com a possibilidade de um incêndio. A tragédia iminente ronda o Jardim Santo André.

A filha mais nova de Adriana, Débora, de 3 anos, se agarra às pernas da mãe, sentada ao meu lado em um pedaço de madeira improvisado como cama. A menina tem os cabelos despenteados e parece querer chamar nossa atenção enquanto conversamos. A mãe se divide entre me contar sua história e atender a filha. Sua voz transmite rancor quando fala sobre os homens que a tiraram de seu barraco, que ela construiu com o dinheirinho que ganhou dividindo-se entre dois empregos.

- Fomos humilhados. Ameaçaram passar a máquina por cima das casas. Eu perdi tudo na vida: meu lar, meus móveis e minha dignidade.

As sobrancelhas grossas e escuras de Adriana ficam franzidas enquanto ela fala. Seus olhos escuros se estreitam para dizer o quanto ela está contrariada.

- O pior dia da minha vida foi quando cheguei naquele abrigo, mas pouca coisa mudou quando vim para cá. Me sinto em uma prisão.

Adriana trabalha uma vez por semana como diarista e precisa deixar as crianças trancadas no alojamento. A menor fica sob os cuidados da maior, Jenifer, de nove anos. Bruno, de 12, completa o trio.

A mulher que esfrega o chão do alojamento “até sentir o cheiro de limpeza” chegou a ganhar R$ 1.400 quando trabalhava como diarista em casas de família. Tentou, em vão, um financiamento habitacional para comprar a casa própria. Passou inúmeras vezes na agência da Caixa Econômica Federal esperando que seu pedido fosse aprovado. Quando o governo federal anunciou o programa Minha Casa, Minha Vida como uma forma de resolver o déficit habitacional brasileiro, Adriana teve, mais uma vez, esperança. A falta de uma assinatura em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, no entanto, nunca lhe deu o direito a um lar.

Na remoção da área de risco, Adriana perdeu mais que o barraco: perdeu o emprego. Só restou uma patroa.

- Hoje você ganha quanto, Adriana?

- Consigo tirar no máximo R$ 100 por semana. Trabalho de domingo de 15 em 15 dias, mas às vezes a minha patroa fala pra não ir porque não tem dinheiro pra pagar.

Ainda assim, a família de Adriana é a que ganha melhor ali, pois o marido também trabalha. Em oito dos 18 alojamentos que responderam a uma pesquisa informal, a média de renda é o salário mínimo de R$ 510. No Jardim Santo André, o chefe de família continua sendo o marido, caso de 11 dos 18 alojamentos. Mas vem ganhando espaço um outro tipo de chefe: o Bolsa Família, que sustenta exclusivamente três alojamentos, inclusive o de Claudinéa.

A esperança que ela tem em uma vida melhor não contamina a irmã. Adriana não quer esperar uma unidade habitacional. Quer trabalhar para comprar a sua casa e sair dali.

- Não quero mais morar em favela e não acredito em promessas. Vou sair daqui por mim mesma.

Pelo poder do senhor Jesus

Josete Maria de Souza é conhecida por Claudinéa e Adriana como Débora da Missionários não se sabe bem o porquê. Faz parte das 20 famílias que se mudaram no dia 8 de março para um dos caixotes da Dominicanos. Ficou no abrigo antes de chegar ao alojamento, como outras nove famílias que estão ali.

Vive em dois cômodos com cinco dos sete filhos e a mãe, Josefa Lúcia da Conceição Souza. O que mais chama atenção em Josefa são as unhas do dedão de cada mão, enormes, lembrando as do Zé do Caixão. Mas só as unhas do dedão de cada mão. As demais unhas são aparadas. Não há esmalte. Só unha, simples assim.

Josefa quer porque quer voltar para Alto do Rodrigues, no Rio Grande do Norte, onde o quarto marido a espera. Mas de quem ela lembra mesmo é do primeiro, e não é lembrança boa.

- Ele me batia muito. Pois sabe o que fiz um dia, quando cansei de apanhar? Peguei uma faca de cozinha e dei foi na barriga dele. Vi o sangue jorrar, saia que nem bolinha, e molhou tudo a roupa dele, ficou vermelho assim, ensopado. Daí ele me devolveu pra minha mãe e tomei foi uma surra de vara para aprender a respeitar marido.

A sina de mulher que apanha do marido se repetiu com Débora, mas ela parou no primeiro casamento. Diferente da mãe, que sempre foi “cabra macha”, ela não apanhou calada. Achou melhor pegar pela mão os sete filhos e deixar a vida de surras para trás. Foi parar em um barraco no Jardim Santo André.

- Dos que caíram em dezembro do ano passado, só o meu ficou de pé, mas meio assim, sabe?

E pende para o lado como se fosse um prédio torto. Sem ter onde ficar depois que o barraco caiu, foi parar com a mãe no abrigo improvisado no Ginásio Pedro Dell’Antonia, onde ficaram por dois meses. No alojamento, diz estar no céu.

- Deus me abençoou com isso aqui. Sei que não é meu, mas pelo menos tenho um teto que não ameaça cair na minha cabeça.

Mas Débora sonha. Quando conseguir o apartamento da CDHU, quer jogar toda a tranqueira que está no alojamento fora. A mulher de óculos e cabelos brancos que a fazem parecer mais velha do que realmente é gosta de passear com os filhos no Extra ou nas Casas Bahia. Entra nas lojas, caminha por fogões, geladeiras e armários e escolhe o que quer. Seus dedos encostam suavemente no eletrodoméstico e ela mentaliza que ele será seu.

- Pelo poder do senhor Jesus! Mas só quando eu tiver o meu teto pra colocar dentro.

Casa

 Ca.sa

 Nome comum a todas as construções destinadas a moradia. Residência, lar.

2 comentários:

  1. menina, chorei. que texto maravilhoso. senti parte da emoção que você vivenciou dessa dura realidade. você consegue, como ninguém, retratar a vida em palavras. e sem clichês, sem apelar. de uma forma honesta e bonita. parabéns

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  2. Ai, Dri, obrigada! E o bom de fazer essas matérias é que elas não mexem apenas com meus personagens, mas me mudam também. Esse processo é o que me faz amar minha profissão, apesar dos pesares.

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